21/09/2011

FUTEBOL É MUVUCA

O TEXTO ABAIXO, DE FILIPE CALMON DO BLOG INFOESPORTE, VEM DE ENCONTRO A TUDO QUE TEMOS DITO DESDE O INICIO DE 2010 EM RELAÇÃO A NOSSA ANTES TÃO SIMPATICA RESSACADA.
E MUITO MAIS SE TEM DITO POR AÍ NA BLOGSFERA AVAIANA SOBRE O REFERIDO ASSUNTO.
 ENTÃO CONCLUO QUE NÃO DEVEMOS ESTAR TÃO ERRADOS ASSIM, COMO PENSA A NOSSA REQUINTADA DIRETORIA.

Modismo, comodismo, complexo de vira-latas e o preço dos ingressos -
Eu sou contra os altos preços ou preços médios de ingressos. Ingresso tem que ser barato. Pela TV, assistem aqueles que têm uma LED e acima de quarenta e duas polegadas. Sou até reticente quanto às cadeiras. Sou a favor das arquibancadas. Cadeira tem seu lugar, poltrona também, mas em menor escala. Futebol é povo. É massa. É galera, suor, gente, muvuca. É ter 200mil onde cabem 100.

Claro que a gente evolui e assimila a importância de uma questão simples como um corredor livre para idas e vindas de emergência. Mas por trás dessa pieguice de sócio torcedor existe o modismo, o comodismo e o tal complexo de vira-lata. Os três andam juntos. Modismo aqui é quando as pessoas repetem aquilo que suas referências fazem sem analisar criticamente aquilo É diferente de moda. Comodismo é quando a opção é pelo mais fácil. Complexo de vira-lata é como Nelson Rodrigues descreveu o povo brasileiro que se coloca como inferior ao resto do mundo desenvolvido.

Ingressos caros e sócio-torcedor com cadeira cativa é a junção desses três conceitos porque foram copiados de uma outra cultura sem pensar se seria o melhor para a nossa só porque eles são (na opinião de quem faz) melhores que a gente. Primeiro, eles não colocavam cem mil num estádio. A gente, sim. Segundo, eles não ganhavam títulos nem produziam craques como a gente. Terceiro, eles faziam dinheiro. A gente não. Opa! Contradição! Novas: esporte não é dinheiro. Transformaram-no nisso. Para mim, eis a questão: fazer ou não dinheiro?

Premissa A: excluo o prejuízo. Ou seja, não se faz prejuízo. Premissa B: clube não é entidade com fins lucrativos. Ou seja, não tem que lucrar. O que lucrar tem que ser reinvestido nele mesmo que tem uma função social a cumprir. Por isso, as isenções fiscais. Dúvida: qual o público-alvo de um clube? Sócios ou torcedores? Eis a confusão. Qual o maior patrimônio do clube? Dizem ser o torcedor. E deve sê-lo? Em minha opinião, sim.

Para mim, o poder do futebol está na massa. E o dinheiro vem desse poder. Perde-se a massa, perde-se o dinheiro. Simples assim. Por que diabos os clubes colocam preços altos nos ingressos? Porque tem a visão de curto prazo. Dizem os executivos que é com esse dinheiro dos sócios-torcedores que pagam as despesas mensais, pois é a única, ou a principal, receita previsível. E por que os ingressos são caros, então? Para que haja sócios.

No curto prazo, faz sentido. Mas no longo prazo… Deus queira que eu esteja errado. Ainda mais com as novas cotas de televisão. Televisão quer audiência. Audiência é de torcedor. Torcedor é massa. Voltamos à velha equação. Em longo prazo, permanecendo esta política, “o rico cada vez ficará mais rico e o pobre cada vez mais pobre. E o motivo todo mundo já conhece é que o de cima sobe e o de baixo desce” - diriam as poetas do Bonchi Bom.

A escolha de Avaí e Figueirense deve passar por isso: se acomodar no modismo acrítico derivado de um complexo de vira-latas ou pensar em proteger aquilo que dá poder ao clube. Qual seja: a massa. Para ilustrar, dois números:
1 - Arrecadação do Avaí no Campeonato Brasileiro 2011: R$ 993.625
2 - Cotas de Televisão estimadas para o Avaí em 2012: aproximados R$ 20milhões

Os dois ‘dinheiros’ são diretamente proporcional ao número de torcedores. Qual o mais relevante? A minha resposta é óbvia: a massa que gera audiência. A dos clubes da capital também é óbvia: a do fim do mês. Ainda farei um texto sobre o porquê considero diretamente proporcional o número de torcedores nos estádios e o número de torcedores fora dele.

Lembra de mim? Eu sou Filipe Calmon. Sempre feliz por não ter o rabo-preso com ninguém. Gostou? Não Gostou? Comente. Ligue: 9981 6494. Tuite: @FilipeINfo

Um comentário:

Diego Wendhausen Passos disse...

Ótima reflexão. O dinheiro oferecido pelas cotas de televisão é muito alto, mas o torcedor no estádio é melhor, pois estará empurrando o time nos gramados.

O clube deve se aproximar do torcedor. Os dirigentes passam ou permanecem no clube, mas a pessoa que está na arquibancada, gritando, incentivando, empurrando o time dentro das quatro linhas, contribui para a motivação do atleta. O jornalista Polidoro Junior frisou isso, quando fiz uma entrevista com ele "o jogador sente a vibração das arquibancadas", ou em 1992, quando o Flamengo disputava o título brasileiro, o então goleiro Gilmar Rinaldi falou que o torcedor das arquibancadas é o primeiro jogador, e não o 12º.

Viva o torcedor. Partida na televisão, gosto e acompanho, mas nas arquibancadas acho mais emocionante.